A Viagem De Miguel Torga
Aparelhei o barco da ilusãoE reforcei a fé no marinheiro.Era longe o meu sonho, e traiçoeiroO mar...( Só nos é concedidaEsta vidaQue temos;E é nela que é precisoProcurarO velho paraísoQue perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.
Miguel Torga (Câmara ardente)
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