A Uma Mulher
*
Para tristezas, para dor nasceste.
Para tristezas, para dor nasceste.
Podia a sorte pôr-te o braço estreito
Nalgum palácio e ao pé de régio leito,
Em vez deste areal onde cresceste:
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Podia abrir-te as flores - com que veste
Podia abrir-te as flores - com que veste
As ricas e as felizes - nesse peito;
Fazer-te... o que a Fortuna há sempre feito...
Terias sempre a sorte que tiveste!
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Tinhas de ser assim... Teus olhos fitos,
Tinhas de ser assim... Teus olhos fitos,
Que não são deste Mundo e onde eu leio
Uns mistérios tão tristes e infinitos,
*
Tua voz rara e esse ar vago e esquecido,
Tua voz rara e esse ar vago e esquecido,
Tudo me diz a mim, e assim o creio,
Que para isto só tinhas nascido!
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in «A Geração de 70» Sonetos de Antero de Quental,
in «A Geração de 70» Sonetos de Antero de Quental,
prefácio de Oliveira Martins,
Circulo de Leitores, 1987
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