domingo, agosto 19, 2007

Belo poema para Domingo! de ANTÓNIO BOTTO (1900-1959)


Quanto, quanto me queres? – perguntas-te
Numa voz de lamento diluída;
E quando nos meus olhos demoraste
A luz dos teus senti a luz da vida.
*
Nas tuas mãos as minhas apertas-te;
Lá fora da luz do Sol já combalida
Era um sorriso aberto num contraste
Com a sombra da posse proibida...
*
Beijámo-nos, então, a latejar
No infinito e pálido vaivém
Dos corpos que se entregam sem pensar...
*
Não perguntes, não sei - não sei dizer:
Um grande amor só se avalia bem
Depois de se perder.
*
in «As Canções de António Botto», Presença, Lisboa, 1999

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