sexta-feira, dezembro 08, 2006

Florbela Espanca

Florbela Espanca, batizada com o nome Flor Bela de Alma da Conceição, (Vila Viçosa, 8 de dezembro de 1894Matosinhos, 8 de dezembro de 1930) foi uma poetisa portuguesa.
Perecursora do movimento
feminista em seu país, teve uma vida tumultuada, inquieta, transformando seus sofrimentos íntimos em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização e feminilidade.
Filha de Antónia da Conceição Lobo, empregada de João Maria Espanca, que não a reconheceu como filha. Porém com a morte de Antónia em
1908, João e sua mulher Maria Espanca criam a menina. O pai só reconheceria a paternidade muitos anos após a morte de Florbela.
Em
1903 Florbela Espanca escreveu a primeira poesia de que temos conhecimento, A Vida e a Morte. Casou-se no dia de seu aniversário em 1913, com Alberto Moutinho. Concluiu um curso de Letras em 1917, inscrevendo-se a seguir para cursar Direito, sendo a primeira mulher a frequentar este curso na Universidade de Lisboa.

Sofreu um aborto involuntário em 1919, ano em que publicaria o Livro de Mágoas. É nessa época que Florbela começa a apresentar sintomas mais sérios de desequilíbrio mental. Em 1921 separou-se de Alberto Moutinho, passando a encarar o preconceito social decorrente disso. No ano seguinte casou-se pela segunda vez, com António Guimarães.
O Livro de Sóror Saudade é publicado em 1923. Florbela sofreu novo aborto, e seu marido pediu o divórcio. Em 1925 casou-se pela terceira vez, com Mário Lage. A morte do irmão, Apeles (num acidente de avião), abala-a gravemente e inspira-a para a escrita de As Máscaras do Destino.
Tentou o suicídio por duas vezes em outubro e novembro de 1930, às vésperas da publicação de sua obra-prima, Charneca em Flor. Após o diagnóstico de um edema pulmonar, suicida-se no dia do seu aniversário, 8 de dezembro de 1930. Charneca em Flor viria a ser publicado em janeiro de 1931.
fonte

Vozes do mar

Quando o sol vai caindo sobre as águas

Num nervoso delíquio d’oiro intenso,

Donde vem essa voz cheia de mágoas

Com que falas à terra, ó mar imenso?...

Tu falas de festins, e cavalgadas

De cavaleiros errantes ao luar?

Falas de caravelas encantadas

Que dormem em teu seio a soluçar?

Tens cantos d'epopeias?

Tens anseiosD'amarguras?

Tu tens também receios,

Ó mar cheio de esperança e majestade?!

Donde vem essa voz,ó mar amigo?......

Talvez a voz do Portugal antigo,

Chamando por Camões numa saudade!

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