sexta-feira, fevereiro 25, 2005
A bailarina
Quadro pintado em pastel por Quicas
A Mademoiselle Salanville
Tudo o que a bela palavra pantomina implica
E tudo o que a língua ágil e mentirosa
Do ballet diz àqueles que descobrem o mistério
Dos movimentos d’um corpo eloquente e sussurrante.
Que se entontecem a ver na mulher que se afasta,
Incessante, disfarçada, arlequina, severa,
Deslizar a lembrança da sua alma passageira,
Mais viva que uma página admirável que se lê;
Tudo, e o desenho pleno da graça sábia,
Uma bailarina tem-no, fatigada como Atalanta,
Tradição serena, impenetrável aos loucos.
Sob o bosque desconhecido, a vossa arte vela,
Depois da incerteza, ou no esquecimento de um passo, eu sonho convosco,
E vós vindes só para arreliar um velho fauno.
Edgar Degas
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