quinta-feira, fevereiro 17, 2005
O Palhaço
Palhaço - Pintado a óleo por Quicas
Anda-se a rir, a rir dentro de mim,
Com as lívidas faces desbotadas
Um estranho palhaço de cetim,
Rasgando em dor meu peito às gargalhadas!
Sobe aos meus olhos sempre a rir assim
-Espreitando as figuras malsinadas
Que não se vestem nunca de arlequim,
Mas andam pela vida disfarçadas.
Na sombra dos meus cílios, emboscado
,Ri, no meu olhar frio e desolado,
Escondendo-se atónito e surpreso
E quando desce à triste moradia,
Vem mais louco e soberbo de ironia
Na irrisão dum sarcástico desprezo!
Judith Teixeira
Diz uma história que numa cidade apareceu um circo, e que, entre seus artistas, havia um palhaço com o poder de divertir, sem medida, todas as pessoas da plateia.
O riso era tão bom, tão profundo e natural, que se tornou terapêutico.
Todos os que padeciam de tristezas agudas ou crónicas eram indicados pelo médico do lugar para que assistissem ao tal artista que possuía o dom de eliminar as angústias.
Um dia, porém, um morador desconhecido, tomado de profunda depressão,procurou o doutor.
O médico então, sem relutar, indicou o circo como o lugar de cura de todos os males daquela natureza, de abrandamento de todas as dores da alma, de iluminação de todos os cantos escuros do nosso jeito perdido de ser.
O homem nada disse, levantou-se, caminhou em direcção à porta e quando já estava saindo, virou-se, olhou o médico nos olhos e sentenciou: não posso procurar o circo... aí está o meu problema: eu sou o palhaço".
VANDRÉ ABREU
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Bonito trabalho. Um dia destes terá que fazer uma exposição de todos os seus trabalhos. Pense nisso.
Bom fim de semana
Jacinto
Enviar um comentário