domingo, outubro 30, 2005

Os nossos poetas Torquato da Luz



Noite

Quando vier a noite sem manhã,

que me está desde sempre destinada
(e ela não tarda, ela não tarda),
ver-se-á que não foi vã
esta infrene caminhada.

Em cada Primavera,
darão flor as roseiras que plantei
com estas mãos, que já não serão nada.
E crescerá a hera,
que pouco a pouco deixei
nos muros entrelaçada.

E o mar, que longamente namorei
e sempre trouxe na carteira
entre tostões e cartões,
lembrará, certamente, que o amei,
preso da bebedeira
que me ateou as ilusões.

Torquato da Luz

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