sexta-feira, março 31, 2006

DEITANDO UM CAVALO À MARGEM



Pastar longas campinas livremente;
Não percas tempo, enquanto tu consente
De magros cães faminto ajuntamento:

Esta sela, teu único ornamento,
Para sinal de minha dor veemente,
De torto prego ficará pendente,
Despojo inútil do inconstante vento

Morre em paz; que, em havendo algum dinheiro,
Hei-de mandar, em honra de teu nome,
Abrir em negra terra este letreiro:

—"Aqui, piedoso entulho os ossos come
Do mais fiel, mais rápido sendeiro,
Que fora eterno a não morrer de fome"

Nicolau Tolentino

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