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Noite
Quando vier a noite sem manhã,
que me está desde sempre destinada
(e ela não tarda, ela não tarda),
ver-se-á que não foi vã
esta infrene caminhada.
Em cada Primavera,
darão flor as roseiras que plantei
com estas mãos, que já não serão nada.
E crescerá a hera,
que pouco a pouco deixei
nos muros entrelaçada.
E o mar, que longamente namorei
e sempre trouxe na carteira
entre tostões e cartões,
lembrará, certamente, que o amei,
preso da bebedeira
que me ateou as ilusões.
Torquato da Luz
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