sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Vergilio Ferreira



Ser livre
"É mais difícil ser livre do que puxar a uma carroça. Isto é tão evidente que receio ofender-vos. Porque puxar uma carroça é ser puxado por ela pela razão de haver ordens para puxar, ou haver carroça para ser puxada. Ou ser mesmo um passatempo passar o tempo puxando. Mas ser livre é inventar a razão de tudo sem haver absolutamente razão nenhuma para nada. É ser senhor total de si quando se é senhoreado. É darmo-nos inteiramente sem nos darmos absolutamente nada. É ser-se o mesmo, sendo-se outro. É ser-se sem se ser. Assim, pois, tudo é complicado outra vez. É mesmo possível que sofra aqui e ali de um pouco de engasgamento. Mas só a estupidez se não engasga, ó meritíssimos, na sua forma de ser quadrúpede, como vós o deveis saber."
(Vergílio Ferreira, in 'Nítido Nulo')

quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Homenagem a Maria Manuela Seixas 22-02-2008

Milagre da Música
*
Quando o stress invadir o meu corpo
Corroendo-o por dentro pouco a pouco
Numa viagem vingativa e torpe
Hão-de julgar que o meu sorriso é louco…
*
Uma luz consigo ainda vislumbrar
Que revigora as minhas fracas pernas
Levando o meu medo a se afundar
Através de buracos e cavernas.
*
E vós, que me olhais com pena, meus amores
Podeis pôr uma música a tocar
P’ra que continue a enganar as dores
E numa profusão de pétalas a voar
Eu me vincule mais aos meus valores
E dê graças por ter vivido a amar.
*
Maria Manuela Seixas
:
( Colega e Professora na "Academia de cultura e Cooperação ")

domingo, fevereiro 24, 2008

Poetas portugueses



És Única!
Cândido

*
A cor do teu olhar é única, é só tua...
Não há cor de arco-íris ou de mar,
Que se compare à cor do teu olhar,
Nem mesmo a prateada cor da lua.

E o cheiro, o jeito, a delicadeza...
Tudo em ti é impar é desigual...
Teus dotes não têm par nem plural
Pois extravasam o conceito de beleza.

Mas é na forma de sorrir e de falar
E no jeito do teu corpo a rebolar,
Que eu me desencontro e me disperso,
Porque tu és toda a minha poesia
Que, libidinosamente, ao fim do dia
Deixas em minhas mãos, verso a verso!

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Eugenio de Andrade




Talvez

*
Talvez nem tenha nome.
Anunciado só pelo frémito
da folhagem.
O riso invisível, o grito
de um pássaro, o escuro
da voz. Certa doçura,
certa violência.
O espesso, volúvel
tecido da noite agora a roçar
o corpo da água. E por fim
a muito lenta paixão
do fogo, sufocada.
Era o verão.
*
Eugénio de Andrade

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Efeito de Levitaçao

clique na imagem e veja o video

Antero de Quental


Ideal

Aquela, que eu adoro, não é feita
De lírios nem de rosas purpurinas
Não tem as formas lânguidas, divinas
Da antiga Vénus de cintura estreita...
*
Não é a Circe, cuja mão suspeita

Compõe filtros mortais entre ruínas,
Nem a Amazona, que se agarra às crinas
Dum corcel e combate satisfeita...
*
A mim mesmo pergunto, e não atino

Com o nome que dê a essa visão,
Que ora amostra ora esconde o meu destino...
*
É como uma miragem que entrevejo,
Ideal, que nasceu na solidão,
Nuvem, sonho impalpável do Desejo
*
Antero de Quental

domingo, fevereiro 17, 2008

Fernando Pessoa




AH, UM SONETO...

*
Meu coração é um almirante louco

que abandonou a profissão do mar
e que a vai relembrando pouco a pouco
em casa a passear, a passear...
*
No movimento (eu mesmo me desloco

nesta cadeira, só de o imaginar)
o mar abandonado fica em foco
nos músculos cansados de parar.
*
Há saudades nas pernas e nos braços.

Há saudades no cérebro por fora.
Há grandes raivas feitas de cansaços.
*
Mas - esta é boa! - era do coração

que eu falva...e onde diabo estou eu agora
com almirante em vez de sensação?...
*
Álvaro Campos

sábado, fevereiro 16, 2008

Antero de Quental

Eu sou a concha das praias
Que anda batida da onda
E, de vaga em outra vaga,
Não tem aonde se esconda.
Mas se um menino, da areia
A colher e a for guardar
No seio... ali adormece
E é ali seu descansar.
Pois sou a concha da praia
Que anda batida da onda...
Sê tu esse seio infante,
Aonde a triste se esconda!
Eu sou quem vaga perdido,
Sob o sol, com passo incerto,
Contando por suas dores
As areias do deserto.
Mas se um palmar, no horizonte,
Se vê, súbito, surgir,
Tem ali a tenda e a fonte
E é ali o seu dormir.
Pois sou quem vaga perdido,
Sob o sol, com passo incerto...
Sê tu sombra de palmeira,
Sê-me tenda no deserto!




Sou o peito sequioso
E o viúvo coração,
Que em vão chama, em vão procura
Outro peito, seu irmão.
Mas se avista, um dia, a alma
Por quem andou a chamar,
Tem ali ninho e ventura
E é ali o seu amar.
Pois sou quem anda chorando
À procura dum irmão...
Sê tu a alma que me fale,
Inda uma hora ao coração!

(Poema de Antero de Quental )

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Nascimento de Galileu Galilei


Galileu Galilei nasceu na cidade de Pisa em 15 de Fevereiro de 1564, mesmo ano da mortedo pintor e escultor Michelangelo e do nascimento do dramaturgo William Shakespeare. Filho de Vicenzo Galilei, músico, desde cedo, demonstrou ser bom estudante. Sua família mudou-se para Florença em 1574 e Galileu foi educado pelos monges do mosteiro de Camaldolese, em uma cidade vizinha. Em 1581, com apenas 17 anos de idade, Galileu começou a estudar Medicina na Universidade de Pisa
Seu interesse pela Medicina nunca evoluiu. Porém era grande seu interesse pela Física e matemática. Finalmente, em 1585, Galileu abandonou a Medicina... Leia mais aqui

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Dia dos Namorados 14 de Fevereiro


AMAR!

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...

Florbela Espanca

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Regresso ao lar



Ai, há quantos anos que eu parti chorando
deste meu saudoso, carinhoso lar!...
Foi há vinte?... Há trinta?... Nem eu sei já quando!...
Minha velha ama, que me estás fitando,
canta-me cantigas para me eu lembrar!...
*
Dei a volta ao mundo, dei a volta à vida...
Só achei enganos, decepções, pesar...
Oh, a ingénua alma tão desiludida!...
Minha velha ama, com a voz dorida.
canta-me cantigas de me adormentar!...
*
Trago de amargura o coração desfeito..
.Vê que fundas mágoas no embaciado olhar!
Nunca eu saíra do meu ninho estreito!...
Minha velha ama, que me deste o peito,
canta-me cantigas para me embalar!...
*
Pôs-me Deus outrora no frouxel do ninho
pedrarias de astros, gemas de luar...
Tudo me roubaram, vê, pelo caminho!...
Minha velha ama, sou um pobrezinho...
Canta-me cantigas de fazer chorar!...
*
Como antigamente, no regaço amado
(Venho morto, morto!...), deixa-me deitar!
Ai o teu menino como está mudado!
Minha velha ama, como está mudado!
Canta-lhe cantigas de dormir, sonhar!...
*
Canta-me cantigas manso, muito manso...
Tristes, muito tristes, como à noite o mar...
Canta-me cantigas para ver se alcanço
que a minha alma durma, tenha paz, descanso,
quando a morte, em breve, ma vier buscar
*
Guerra Junqueiro em Os Simples

Espectacular!

ESPETACULAR!!!!!!!!!!!!!!!!!
A noite cai sobre a cidade...!...Ponha o cursor do rato na parte de cima da fotografia desta cidade japonesa.São 6h10 pm - (18h10).Deslize o rato lentamente para a parte de baixo.A noite cai sobre a cidade da fotografia, as luzes acendem-se... Às 7h40 (pm), noite ! !!!

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

O palhaço

PALHAÇO

Tal qual o palhaço,
vive também o poeta.
Dois artistas da vida
que fazem sorrir e sonhar.
e muitas vezes, atrás do sorriso
e dos sonhos, chora sua alma
a dor da saudade,
do desamor,
da solidão.
*
Como Poeta, me fiz em Palhaço
pintando de luzes palavras de Amor,f
azendo sonhar os enamorados.
Como Palhaço me fiz um Poeta
versejando alegria, declamando sorrisos
provocando o burburinho
de francos risos.
*
Como Palhaço, declamei sorrisos,
plantei sementes de alegria em corações endurecidos,
esqueci-me da dor que em minh'alma se aninha..
Como Poeta, pintei emoções, fiz
sonhar os apaixonados, dei asas à emoção,
esqueci-me por momentos, a dor da saudade,
vivendo a inspiração do Palhaço e do Poeta.
*
Sou como o Poeta,
Sou como o Palhaço,
Artistas que fazem do dia a dia,
O palco de sua vida..!!

domingo, fevereiro 10, 2008

A maravilha da Vida




A maravilha da Vida
"Desvia a tua atenção para a maravilha da vida e a vida se te não esgotará. Economiza os teus «porquês» e «para quê», porque como na embriaguez só já paras na morte. Mas se insistes em chegar a Deus, submete-o ao teu questionar e verás como ele fica desnorteado. Porque o teu questionar vai para lá dele e desvanece-se no vazio. Aceita a vida, que ela é bastante para qualquer questionar. E poderás então adormecer porque há aí verdade que chegue. Dorme."
(Vergílio Ferreira, in 'Pensar')

sábado, fevereiro 09, 2008

Jose Regio


José Régio

Eu, dar flor, já não dou.
Mas vós, ó flores,
pois que maio chegou,
Revesti-o de clâmides de cores!
Que eu, dar flor, já não dou.
*
Eu, cantar já não canto. Mas vós, aves,
Acordai desse azul,calado há tanto,
As infinitas naves!

Que eu, cantar, já não canto.
*
Eu, invernos e outonos recalcados
Regelaram meu ser neste arripio...
Aquece tu, ó sol, jardins e prados!
Que eu, é de mim o frio.
*
Eu, Maio, já não tenho. Mas tu, Maio,
Vem, com tua paixão,
Prostrar a terra em cálido desmaio!
Que eu, ter Maio, já não.
*
Que eu, dar flor, já não dou; cantar,não canto;
Ter sol, não tenho; e amar...
Mas, se não amo,
Como é que, Maio em flor, te chamo tanto,
E não por mim assim te chamo?
*
(Poema de José Régio)

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Felicidade... onde anda?


Felicidade... onde anda?

A felicidade está tão perto da gente.
Mas tão perto que não a percebemos.
Está...
No olhar de uma criança,
Num simples abraço,
Numa palavra de carinho,
Na luz do sol,
No vento que anuncia a chuva,
Nas flores, nos pássaros,
No céu, na lua e nas estrelas...
A felicidade está em todo o lugar.
Mas somos cegos, surdos e mudos
para podermos percebê-la...
Queremos "tocar" a "Dona Felicidade".
Mas ela é intocável,
Só é sentida
cá dentro do coração...
Vamos abrir todos os nossos sentidos.
Deixá-los livres para perceber os mínimos detalhes do dia a dia.
Tente, passe só um dia, percebendo e sentindo seus
"Pedacinhos de Felicidades".
Ao fim do dia, irá descobrir que não
precisa de muito para ser feliz.
Basta juntar os pequenos momentos
para que se tornem grandes!!!...
(Desconheço autor)