domingo, dezembro 30, 2007

Cartão Postal



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Signo da Balança


Balança


- Fátima Irene Pinto -

Por todo este trajeto já andado,
Por todas estas dores já sentidas,
Por morros tão íngremes já escalados,
Por tudo que eu já amarguei na vida,
*
É justo que eu pergunte ao universo:
- O que é que ainda me resta na jornada?
E pra sacramentar pergunto em verso,
Mereço ser feliz no fim da estrada?
*
Minha balança denota desalinho,
Um prato bem acima outro lá embaixo,
Pesando muito mais o do dever.
*
Quem sabe ainda me resta um tantinho
De amor - como água pura de riacho,
Trazendo-me vontade de viver.
*
(...E se assim não for eu me conformo,
Poucos viveram tudo que eu vivi.
E o meu viver foi tudo, menos morno,
Talvez nem haja nada pra pedir...)
*
Descalvado - SP
29.12.2007
fip
www.fatimairene.com

segunda-feira, dezembro 24, 2007

Christmas and Friendship

Para Todos os Amigos do Coração desejo-lhes muita Saude Paz e Amor e algum para gastar e aproveitar a Vida

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Camilo Pessanha

Camilo Pessanha nasce em Coimbra em Setembro de 1867, filho ilegitimo de um magistrado e de uma mulher humilde. Cria um certo gosto pela aristocracia e pela simplicidade das coisas. Na sua vida, passa pela doença e por um vício: o ópio. Em 1891 forma-se em Direito em Coimbra, partindo três anos depois para Macau, como professor de Liceu. Entretando alguns dos seus poemas sãopublicados em alguns jornais de província e revistas.É como Conservador do Registo Predial de Macau, que aparece em 1900, regressando a Lisboa em 1905.Em 1916, voltam a ser publicados alguns dos seus poemas na revista Centauro. Morre a 1 de Março de 1926 em Macau, deixando aos poetas da sua época um contributo literário marcadamente simbolista.
Branco e Vermelho
*
A dor, forte e imprevista,
Ferindo-me, imprevista,
De branca e de imprevista
Foi um deslumbramento,
Que me endoidou a vista,
Fez-me perder a vista,
Fez-me fugir a vista,
Num doce esvaimento.
*
Como um deserto imenso,
Branco deserto imenso,
Resplandescente e imenso,
Fez-se em redor de mim.
Todo o meu ser suspenso,
Não sinto já, não penso,
Pairo na luz, suspenso...
Que delícia sem fim!
*
Na inundação da luz
Banhando os céus a flux,
No êxtase da luz,
Vejo passar, desfila
(Seus pobres corpos nus
Que a distância reduz,
Amesquinha e reduz
No fundo da pupila)

Na areia imensa e plana,
Ao longe, a caravana
Sem fim, a caravana
Na linha do horizonte,
Da enorme dor humana,
Da insigne dor humana...
A inútil dor humana!
Marcha, curvada a fronte. `
*
Até ao chão, curvados,
Exaustos e curvados,
Vão um a um, curvados,
Os seus magros perfis,
Escravos condenados,
No poente recortados,
Em negros recortados
Magros, mesquinhos, vis.
*
A cada golpe tremem
Os que de medo tremem,
E as pálpebras me tremem
Quando o açoite vibra.
Estala! e apenas gemem,
A cada golpe gemem,
Que os desiquilibra.
*
Sob o açoite caem,
A cada golpe caem,
Erguem-se logo.
Caem,
Soergue-os o terror...
Até que enfim desmaiem!
Ei-los que enfim se esvaem,
Vencida, enfim, a dor...
*
E ali fiquem serenos,
De costas e serenos...
Beije-os a luz, serenos,
Nas amplas frontes calmas.
Ó céus claros e amenos
Doces jardins amenos,
Onde se sofre menos,
Onde dormem as almas!
*
A dor, deserto imenso,
Branco deserto imenso,
Resplandescente e imenso,
Foi um deslumbramento.
Todo o meu ser suspenso,
Não sinto já, não penso,
Pairo na luz, suspenso
Num doce esvaimento.
*
Ó Morte, vem depressa,
Acorda, vem depressa,
Acode-me depressa,
Vem-me enxugar o suor,
Que o estertor começa.
É cumprir a promessa.
Já o sonho começa...
Tudo vermelho em flor...
*
Camilo Pessanha

Codorniz

A codorniz é, a par da rola e da perdiz, uma das espécies cinegéticas preferidas dos caçadores portugueses.
É uma ave solitária, pequena (17/18 cm) e de voo rápido, sendo mais fácil ouvi-la do que vê-la. Caminhando pelo campo pode acontecer levantar voo aos nossos pés, pois apenas abandona a camuflagem do solo quando é quase pisada.
Tem uma coroa preta e branca, o abdómen branco e o resto do corpo com tonalidades castanhas com riscas claras.
Alimenta-se sobretudo de sementes, folhas e insectos.
Faz o ninho numa cavidade do solo, entre Abril e Maio, onde põe entre 7 e 12 ovos cor creme com manchas castanhas, que são incubados pela fêmea durante 23/25 dias.

terça-feira, dezembro 04, 2007

Albufeira

Albufeira
Eras um jardim
Em Fevereiro as tuas amendoeiras em flor
O verdejante que tinhas em redor
É pena tempo levar tudo ao fim
Tiraram-te todo o encanto
Hoje, ao olhar-te,
Os meus olhos têm pranto
Por onde foram as tuas amendoeiras
Vinhas, figueiras e as alfarrobeiras?
Vão desaparecendo com o empreendimento
A causa é do cimento
Albufeiras fizeram-te uma divisão:
É onde os grandes do dinheiro
Tudo lá podem fazer
Sem haver qualquer questão
E muitos dos terrenos que estão
Em zona verde
Nem uma enxada lá pode entrar
Só um bulldozer os pode endireitar
Esses são os estão para cultivar
Não serão estes os bons para povoar?
E na beleza não tocar?
Nem sempre ao cimo vem a razão
Com a vida tão pequena
Não dão ao pobre tempo para crescer
E duro chegar a esta conclusão
De quem tem o poder Com ele tudo pode fazer

Graciete Monteiro-Albufeira
In “a Avezinha”