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Quadro pintado a óleo por Quicas
Lisboa
Nada sabes de mim
e no entanto eu amo-te
pássaro inquieto e frágil que descansas
na pequena janela do meu tédio.
Nada sabes de mim
e no entanto eu amo-te
Podia debruçar-me
e súbito falar-te
mas ignoro as palavras necessárias
.Estou aqui de passagem
e não trago
outra bagagem que não seja o espanto
incrédulo de amar-te.
Admito que é possível esquecer-te
quando do rio soltarem as gaivotas
o seu piar comum ao fim da tarde.
Mas eu estarei então demasiado longe
e apenas rodeado da lembrança
sob águas profundíssimas e quietas.
("Lucro Lírico", 1973)
Torquato da Luz
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