segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Arte em Azulejos



Azulejos pintados por Quicas


A arte do azulejo

O património artístico e urbanístico português é um dos mais representativos desta arte decorativa.
É a graça, a fantasia, são as ilusões de volumes, os aproveitamentos arquitectónicos sabiamente calculados, a síntese original das inspirações, é o ritmo, a adaptação e a actualidade que produzem, ao olhar atento, um gosto de acompanhar a viagem histórica do azulejo.
A nossa predilecção pelo azulejo vem pois da cor e do brilho do esmalte do ladrilho.
Vem da gracilidade acolhedora dos silhares das escadarias e salões, das cenas de costumes, da vida, dos trabalhos que criam ambientes convidativos.
Mas o interesse dos azulejos está também no constante significado evolutivo das formas ornamentais e na propriedade da cor.
O azulejo é uma das manifestações em que se recria o gosto popular da nossa arte a par de outras expressões como o tapete de Arraiolos, as nomeadas colchas de Castelo Branco, os presépios dos barristas.
A permanência desta arte vem desde quando Portugal começou a traçar rotas marítimas à volta de África, Índias, China, Japão, dando "novos mundos ao mundo".
Pelas rotas da Madeira, dos Açores e do Brasil também navegaram os azulejos que facilmente casavam com outras artes decorativas, quer com a sumptuosa talha dourada e do mobiliário, quer ainda com o talhe e finura dos gradeamentos de ferro.(...)
Com a construção da linha de caminho de ferro do Douro, o comboio chega ao Pinhão, zona excelente do vinho do Porto.
Ora a estação do Pinhão, na confluência do mesmo rio com o Douro, possui variadíssimos painéis do século XIX, um valioso museu dos costumes, transportes (rabelo e carro) belas reproduções de vinhas e socalcos, quintas, aldeias, acompanhadas sempre da majestosa e imponente paisagem transmontana.
Embora originada talvez do fim do século XVI, a modalidade de enxadrezado, também conhecida por azulejo de caixilho, vê-se na vila do Pinhão, na série de azul-branco e na estação de Moledo, na de verde e branco.
De corrente posterior, apontam-se o friso de pendentes ao jeito romântico, na Casa da Misericórdia, rua dos Camilos, Régua e, na respectiva capela, onde se nota uma importante transposição de vitrais para os azulejos, no arco de meia volta e falsas impostas.
Afigura-se também, integrado no romantismo, um belo pendente de rosas silvestres e miosotis, na avenida Carvalho Araújo.
Entre outros, de menor riqueza expressiva, cuja padronagem revela um período de transição para o século XX, os silhares e lambris do Paço do Concelho de Vila Real, inspiram-se nas colchas e bordados, aliás generalizados também em fachadas de casas da cidade.
Os da igreja do Senhor Jesus do Calvário que matizam de azul a fachada principal são exemplos de séries diferenciadas. (...)

Fonte: Texto: Obra «Notas sobre o azulejo no distrito de Vila Real» / Imagem: ArteAzul

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