sábado, agosto 06, 2005

O que é a Cleptomania?


A cleptomania é popularmente conhecida, de forma simples e objetiva, como o hábito que uma pessoa tem de roubar objetos. Por vezes, nas reflexões populares, ocorre certa dúvida que gera algumas discussões sobre qual comportamento poderia ser sintoma de cleptomania, derivado de um distúrbio psicológico e o que seria desonestidade manifestada pelo ato de roubar.
Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatística da Associação Psiquiátrica Americana, DSM IV, cleptomania não é simplesmente um hábito de pessoas que tenham uma boa condição financeira. O DSM IV ensina que a cleptomania faz parte dos Transtornos do Controle dos Impulsos, nos quais estão incluídos também o Transtorno Explosivo Intermitente, a Piromania, o Jogo Patológico e a Tricotilomania.
Desta maneira, O Transtorno Explosivo Intermitente é caracterizado por episódios distintos de fracasso em resistir a impulsos agressivos, resultando em sérias agressões ou destruição de propriedades; a Piromania é caracterizada por um padrão de comportamento incendiário por prazer, gratificação ou alívio de tensão; o Jogo Patológico caracteriza-se por um comportamento mal-adaptativo, recorrente e persistente, relacionado a jogos de azar e apostas; e a Tricotilomania caracteriza-se pelo ato de puxar, de forma recorrente, os próprios cabelos por prazer, gratificação ou alívio de tensão, acarretando uma perda capilar perceptível.
A característica essencial dos Transtornos de Controle dos Impulsos, inclusive da Cleptomania, que será citada separadamente abaixo, é o fracasso em resistir a um impulso ou tentação de executar um ato perigoso para a própria pessoa ou para outros. Na maioria destes transtornos, o indivíduo sente uma crescente tensão ou excitação antes de cometer o ato. Após cometê-lo, pode ou não haver arrependimento, auto-recriminação ou culpa.
Especificamente o Manual de Diagnóstico e Estatística Psiquiátrico, revela que a principal característica da Cleptomania é o fracasso recorrente em resistir a impulsos de furtar objetos, embora esses não sejam necessários para o uso pessoal ou por seu valor monetário. O indivíduo vivencia um sentimento subjetivo de crescente tensão antes do furto e sente prazer, satisfação ou alívio ao cometer o furto. O furto não é cometido para expressar raiva ou vingança, não é realizado em resposta a um delírio ou alucinação, nem representa um Transtorno Anti-social da Personalidade.
Os objetos são furtados, apesar de tipicamente terem pouco valor para o indivíduo, que teria condições de comprá-los e freqüentemente os dá de presente ou joga-os fora. Às vezes, o indivíduo pode colecionar os objetos furtados ou devolvê-los disfarçadamente. Embora os indivíduos com este transtorno em geral evitem furtar quando uma detenção imediata é provável (por exemplo, na proximidade de um policial), eles não costumam planejar seus furtos de antemão nem levam plenamente em conta as chances de serem presos. O furto é cometido sem auxílio ou colaboração de outros.
Alguns profissionais, como a psicoterapeuta Gia Carneiro Chaves, defendem que a Cleptomania é um processo que se inicia na infância. A criança se compensa por uma profunda falta de afeto, uma carência de carinho e atenção, que a leva por vezes ao desespero. A compensação do afeto seria através de "coisas" consoante ao estado psíquico do momento, num descontrole, numa ansiedade desenfreada, numa contestação inconsciente, num chamamento de atenção angustiante, porque a criança prefere ser castigada em função do roubo a ser ignorada.
A Cleptomania é uma condição rara que parece ocorrer em menos de 5% de pessoas que cometem furtos em lojas. Este Transtorno aparenta ser mais comum em mulheres. Quanto ao diagnóstico, ele não é feito, a menos que vários aspectos característicos da Cleptomania também estejam presentes. Habitualmente este diagnóstico é feito através de entrevistas e sessões psicoterapeuticas, não havendo testes ou métodos pré-determinados para avaliar a situação.
O tratamento de uma pessoa cleptomaníaca costuma ser feito através de psicoterapia e alguma medicação prescrita por psiquiatra. Apesar disso, os relatos de sucesso definitivo no tratamento não são muito comuns, é recomendado que a pessoa prolongue o tratamento para manter a cleptomania sob controle.

Denise Mendonça de Melo
é psicóloga, formada peloCentro de Ensino Superior de Juiz de Fora.

1 comentário:

Anónimo disse...

Dava-me jeito ter um cleptómano amigo que me arranjasse um telemóvel topo de gama...